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Texto crítico para a coletiva "In Bando" no Gris Ateliê, Araraquara, SP, junho de 2012.

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Há duas maneiras distintas de se compreender a ideia de exílio: a primeira é aquela que o entende como uma pena a ser cumprida por alguém. A segunda, o vê como um direito ao refúgio, ao próprio recolhimento. É no espectro compreendido entre um polo e outro desta dualidade que orbitam as obras reunidas na exposição “In Bando. Sobre a sutileza do abandono e seus matizes.”  

In bando (expressão originária do idioma italiano), tem dois significados distintos: estar “à mercê de” ou “se deixar reger pela própria vontade”. Nos dois casos, a ideia de pertencimento está em jogo. Estar in bando é ser colocado à parte de algo ao qual se deveria, à princípio, pertencer.

Por outro lado, o estado de abandono, é também manter-se à parte em relação a algo pela própria decisão, dedicando-se à observação das próprias sensações e experiências que emergem desta condição. Ao mesmo tempo excluso e incluso, dispensado e simultaneamente capturado, o indivíduo no estado in bando, sente a ambiguidade de fazer parte e ao mesmo tempo estar à parte, além das dificuldades de desvencilhar-se desta forma de existir.

No cotidiano das cidades inundadas pelas imagens ora consumíveis, ora consumidoras, o estado in bando, pode ser a porta para o distanciamento que permite a observação mais atenta da natureza das coisas, suas narrativas, suas poéticas e negociações de sentido, onde também estão implícitas relações de poder e de onde se retiram os signos que constituem as identidades e as regras de convívio.

In bando é um modo de subverter o estatuto das imagens comuns e, ao fazê-lo, colocar-se no exílio, apartado das imagens prêt-à-porter para gozar da liberdade contemplativa diante do sensível.

Djaine Damiati

Curadora Independente

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